Encantadora de Cavalos

Quando olho nos teus olhos, logo percebi que tudo em ti é pureza. Tudo em ti, é força e poder. E cedo entendi que era inevitável nos cruzarmos. Deus ao criar o homem e todas as criaturas à face da terra, percebeu que era muito fácil se nos desse a oportunidade de comunicar com a mesma língua. Por isso, resolveu baralhar as coisas e deu ao homem dialetos diferentes, e aos animais não deu o dom das palavras*.
Um humano e um animal quando se cruzam, criam uma magia. A mesma magia quando nos olhamos agora, criando várias sensações: curiosidade, medo, surpresa, admiração, beleza… verdade.
Vemos a verdade e não precisamos da linguagem. E o que é a verdade?
É o que vês e sentes quando és pequena e quando envelheces. Como acabaste de nascer e estavas perto Dele, ainda despertas essa plenitude imaculada e alma límpida. O mesmo acontece quando envelhecemos. Caminhamos novamente para junto Dele, e sabemos de novo o que é a verdade.
No espaço-tempo enquanto crescemos, Ele lá nos deixa navegar sozinhos para nos testar e na realidade perdemos essa magia de reconhecer o belo, o magnífico...
Somos tão diferentes e tão iguais, criança pequena!
Eu sou selvagem, tu és pura e tentam domesticar-te.
Olha para mim e promete que verás sempre a verdade. O sentido da nossa existência.
Eu prometo ensinar-te o que é a Liberdade. Correr, correr até te cansares e por fim parares no tempo como eu agora. Estou maravilhado com o que vejo! Tanta pureza a que nunca tinha assistido...TU.

E porque raio resolveu Deus complicar se apenas com o olhar nos entendemos? Não era necessário usar as palavras!
Bastava este olhar, o gesto e o sentir-te por perto.

* Entenda-se aqui o dom da linguagem como a construção natural de frases e diálogos com sentido. Como é do conhecimento geral, há animais que imitam os humanos seja através de palavras ou outros sons.