Desculpa, não percebi. Podes repetir, por favor?

Verbalização. Não, não se trata apenas do processo morfológico de formação de verbos.
É uma ginástica constante para quem tem dificuldade em se expressar através das palavras, um desafio para quem tenta entender uma única.
Para quem é portador de algum tipo de deficiência em que a fala ficou afetada, a verbalização pode ser vista como mais uma barreira na relação que se estabelece com os outros.
Barreira maior, é a sociedade fazer piada ao modo como algumas pessoas com diversidade funcional falam. Temos o caso da Báaarbaaara, a miúda mongolóide e tantos outros exemplos tristes que não valem o esforço da minha escrita.
Pior ainda, é uma destas pessoas especiais estarem a falar e fazermos de conta que entendemos tudo.
Está o boneco a falar com a parede, e a parede responde com um aceno de cabeça como se fosse um burro!
Esperto é aquele que pergunta "Percebeste o que eu disse?", e o outro burro acena com a cabeça e diz "Sim, pois...sim."
A vergonha de admitir que não percebemos o que o outro diz, apodera-se de nós. É mais fácil preservar a nossa "fotografia", do que respeitar o outro que faz um esforço enorme para a tirar. 

Acreditem, ficam melhor na "foto" se disserem "Desculpa, não percebi. Podes repetir, por favor?".
Conferem que estão atentos ao que o outro está a tentar comunicar, e por conseguinte, o outro sente-se mais valorizado e não como um boneco a falar para a Shell.
Depois há outros casos especiais. Os que conseguem comunicar só através do olhar. Eles sabem quem são.

- safh hfsjafjah urtyworq orqwm fskf...
- Desculpa, não percebi. Podes repetir, por favor?


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